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Metanol: 14 perguntas para entender os riscos e como se proteger

Esclareça dúvidas sobre a intoxicação que tem alarmado a população brasileira
14 de out. de 2025

Os recentes casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica acenderam um alerta importante para a saúde pública no Brasil.

A substância, altamente tóxica para o organismo, pode estar presente em bebidas falsificadas ou produzidas de forma clandestina. Mesmo pequenas doses são capazes de causar danos graves ao organismo, incluindo cegueira permanente e morte.

Os sintomas de intoxicação muitas vezes demoram a aparecer e podem ser confundidos com uma simples ressaca, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. A Agência Einstein ouviu especialistas para responder às principais dúvidas sobre por que o consumo de metanol é tão perigoso e como se proteger desse tipo de intoxicação.

1. O que é metanol e por que ele é perigoso?

O metanol é um tipo de álcool simples, líquido, incolor e altamente tóxico. Ele é usado principalmente na indústria química, como matéria-prima na fabricação de solventes, plásticos, tintas e combustíveis.
Quando metabolizado no organismo, o metanol é transformado em substâncias tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico, que atacam o sistema nervoso central e o nervo óptico. A ingestão de apenas 10 ml já pode causar cegueira, e 30 ml podem ser fatais.

2. Qual a diferença entre metanol e etanol?

O etanol e o metanol são dois tipos de álcool, mas têm características e usos diferentes. Quando metabolizado pelas enzimas do fígado, o etanol é convertido em ácido acético e transformado em energia pelo organismo. Por isso, não é tóxico nas doses habituais.

“Já o metanol, ao ser convertido em ácido fórmico, intoxica as células e bloqueia a respiração celular, o que explica sua elevada toxicidade e potencial letal”, diz a médica hepatologista Lilian Curvelo, da equipe de Transplante Hepático do Einstein Hospital Israelita.

3. Por que o metanol “engana” o organismo?

Quando uma pessoa ingere metanol, o fígado tenta metabolizá-lo da mesma forma que faz com o etanol. A primeira enzima envolvida nesse processo é a álcool desidrogenase, que transforma o metanol em formaldeído. Em seguida, outra enzima, a aldeído desidrogenase, converte o formaldeído em ácido fórmico, responsável pela toxicidade da substância, principalmente na região da retina e no sistema nervoso central.

Quando a bebida é adulterada com metanol, a pessoa ingere metanol e etanol juntos. “Com isso, a conversão do metanol em ácido fórmico é mais lenta, pois o etanol é convertido primeiro, o que pode levar a sintomas tardios”, explica o cardiologista Marcus Gaz, gerente médico de Unidades Ambulatoriais do Einstein.

4. Por que ele pode aparecer em bebidas alcoólicas?

O metanol surge naturalmente, em pequenas quantidades, durante a fermentação da matéria-prima vegetal, a partir da quebra de pectinas presentes em frutas, cereais ou cana-de-açúcar. No processo de destilação de bebidas provenientes da fermentação alcoólica, o metanol é o primeiro composto a evaporar, por ter ponto de ebulição mais baixo (64,7°C) que o etanol (78,3°C). Essa primeira fração, chamada de “cabeça”, é imprópria para consumo e deve ser descartada.

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